Mobilidade ajuda famílias a procurar casas nas periferias do Porto Procura de casas à venda nas periferias do Porto tende a intensificar-se no futuro. Explicamos porquê com ajuda de especialistas. 17 set 2025 min de leitura Hoje, a procura de casas à venda no Grande Porto está cada vez mais intensa nos municípios periféricos. E esta tendência deverá intensificar-se no futuro, porque a expansão da linha do metro criará novos polos residenciais. Mas não só. As casas à venda no Porto tendem a ficar ainda mais caras e desajustadas às carteiras das famílias. E continua a haver falta de construção em altura. É isso que afirmam os especialistas ouvidos pelo idealista/news no Imobinvest – Salão Imobiliário, que se realizou no passado fim de semana na Alfândega do Porto. Viver no concelho do Porto não está ao alcance de qualquer orçamento familiar. O mercado residencial da Invicta está a ficar cada vez mais caro, com os preços das casas a registar novos máximos e um dos valores mais elevados a nível nacional. Por exemplo, em agosto, uma habitação de 100 metros quadrados (m2) teve o custo mediano de 381 mil euros na cidade, revelam os dados do idealista. Este elevado custo habitacional no Porto pode ser justificado pela alta procura, falta de oferta de casas a preços acessíveis, “maior expressão da construção média-alta e alta” e a existência de “demasiados pensamentos ortodoxos contra a construção em altura”, aponta Miguel Portela, diretor geral na Casa da Portela, recorrendo ao exemplo da polémica em torno da construção de três torres de 25 andares na Avenida Nun’Álvares. E lembra ainda que o centro do Porto está a ficar “despovoado” muito devido ao foco dos proprietários em alojamento turístico. “A licença habitacional não deveria incluir hotelaria”, defende o especialista. Turistas na Estação de São Bento, no centro do PortoGetty images Procura de casas nas periferias do Porto intensifica-se... É perante estes desafios da habitação na cidade Invicta que as famílias têm procurado cada vez mais casas nos concelhos periféricos do Grande Porto, onde as casas para comprar são mais baratas. “Hoje, os preços das casas têm aumentado a um nível constante e as pessoas começam a procurar soluções mais na periferia”, comenta Igor Oliveira, diretor geral na Zome Matosinhos, explicando que nessas localizações “as linhas de transporte têm uma preponderância fulcral para a escolha das pessoas, especialmente o metro”. Já se sente, aliás, “uma procura natural pelas futuras zonas de metro da cidade do Porto”, refere Pedro Almeida, Broker na Century 21 Nações. E a fileira do imobiliário e construção tende também a adaptar-se. “Já se estão a criar habitações nessas zonas onde ainda as linhas do novo metro não funcionam e, naturalmente, serão novos centros que vão surgir com novos serviços”, acrescenta. Também João Oliveira, CEO da Realty One, acredita que “os construtores vão sempre procurar locais junto à linha do metro, porque sabem que realmente há maior procura. As pessoas querem realmente ficar perto da mobilidade para estarem perto do trabalho e não passarem horas e horas em viagem”, refere o especialista presente no evento, que contou com o idealista como portal oficial. Getty images Portanto, “desenvolver empreendimentos na zona de Gaia ou em Gondomar [onde o metro já se expandiu ou vai-se expandir] começa a ser cada vez mais apetecível em comparação com cidades que já têm um urbanismo e uma procura mais consolidada, como Porto e Matosinhos”, admite Igor Oliveira. Até porque existe um “desafio estrutural em construir dentro da cidade do Porto, desde o preço de construção às taxas”, sendo “mais fácil e barato construir nas novas áreas”, onde o “preço de venda acaba por ficar mais baixo”. O responsável pela Zome Matosinhos fala com conhecimento de causa, tendo lançado no evento o empreendimento Terrazza Park situado junto ao Parque do Covelo da Invicta, que vai contar com 23 apartamentos premium. Quem se antecipar a construir ou a comprar casas nas zonas que futuramente vão ser servidas pelas novas linhas do metro do Porto (como várias localidades de Gondomar, Trofa, Maia e São Mamede) pode acabar por sair a ganhar. Isto porque “o valor do metro quadrado destas zonas obrigatoriamente vai subir”, pelo que “as famílias que hoje estão a adquirir, vão ver o seu investimento nestas zonas sair valorizado”, resume Pedro Almeida. Mas não ficamos por aqui. Os especialistas em imobiliário ouvidos pelo idealista/news também reconhecem que a procura de habitação para as periferias do Porto está a ir mais além. João Oliveira, da Realty One, refere que “daqui a um, dois ou três anos a procura será tão grande que irá ser ainda mais distante”. E o responsável pela Century 21 Nações também nota “um afastamento para lá do ciclo do metro, nas zonas mais afastadas da cidade do Porto, em que a mobilidade até ao Porto é facilitada, por exemplo, por linhas de comboio que ainda podem ser melhoradas”. Foto de Ramon Perucho no Pexels Mobilidade no Grande Porto pode ser melhorada – e com mais tecnologia A habitação e a mobilidade acabam por andar de mãos dadas, quer em termos de procura, quer de oferta. E isso parece estar a observar-se na expansão da rede do metro do Porto que vai criar 38 novas estações até 2030, num investimento superior a mil milhões de euros. A expansão da linha amarela de Gaia já foi inaugurada há mais de um ano, enquanto a nova linha rosa deverá abrir até junho de 2026. Mas será que este projeto foi bem pensado e adaptado às necessidades atuais das famílias? Na visão do diretor geral da Casa da Portela, “a mobilidade no Grande Porto é má (…) por não servir as deslocações necessárias das pessoas e ter muito má qualidade”. Além disso, “é pensada concelho a concelho, enquanto devia ser pensada num âmbito maior, ao nível da área metropolitana”, critica. A nova rede do metro não deverá melhorar este panorama, afirma o responsável, porque continuará a faltar uma “travessia de Este para Oeste, que ligasse a Foz até Gondomar, por exemplo”, tal como há um eixo que liga a Póvoa de Varzim até Gaia. “Vai demorar muitos anos a mudar” o panorama da mobilidade do Grande Porto, avisa Miguel Portela, considerando que “não é com medidas de quatro anos que se resolve”, mas sim com um “planeamento metropolitano a 20 anos”. O que também pode melhorar a mobilidade do Porto é a incorporação de mais soluções tecnológicas. Exemplo disso é uma paragem inteligente: “Um lugar com ar condicionado para o verão e inverno, onde se consiga perceber em tempo real (via GPS) onde é que o autocarro está e à hora certa que vai chegar, com opções de carregamento do telemóvel, locais para ver publicidade e notícias, e soluções para validar o passe automaticamente”, descreve Jesus Oliveira, responsável pelo departamento de inovação e desenvolvimento da Onno Solutions. Freepik Na sua visão, Portugal ainda tem muito espaço para crescer para tornar as cidades mais inteligentes. Em outros países da Europa e do mundo “criam-se cidades inteligentes e logo se pensam em casas inteligentes, mas nós estamos a fazer ao contrário”, reconhece Jesus Oliveira, para quem “o conforto das cidades é algo que se pode melhorar em Portugal”. A verdade é que a procura de casas inteligentes quer por promotores e construtores, quer por famílias continua a intensificar-se no país. João Oliveira, da Realty One, admite que “é algo que realmente já não dá para fugir” e que tem assistido à colocação de mais casas inteligentes no mercado, sobretudo para o segmento médio-alto. No futuro, acredita que se tornará cada vez “mais fácil, barato e acessível” aceder a soluções de domótica. Também Jesus Oliveira, da portuguesa Onno Solutions, confirma que as famílias estão a procurar “mais domótica no sentido de ter uma casa automatizada e dar soluções de conforto”, desde eficiência energética à segurança. E, para o futuro, diz que as casas inteligentes vão ser assistidas por Inteligência Artificial, a qual reconhece os moradores ao chegar a casa e tudo se adapta à sua presença: a porta abre, a luz acende, o café começa a ser tirado e a temperatura é ajustada às suas preferências automaticamente, por exemplo. “No futuro, vamos chegar a casa e não vamos ter de mexer em quase nada, só precisamos de tomar banho”, resume o especialista. Fonte: Procura de casas nas periferias do Porto vai intensificar-se: porquê? — idealista/news Partilhar artigo FacebookXPinterestWhatsAppCopiar link Link copiado