O arranque de 2025 foi marcado por um menor dinamismo no mercado de arrendamento habitacional, mas nem por isso as rendas das casas desaceleraram o ritmo de subida. É isso mesmo que se pode concluir a partir dos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta sexta-feira, dia 27 de junho. 

Nos primeiros três meses de 2025, foram assinados 23.417 novos contratos de arrendamento de alojamentos familiares em Portugal, menos 10,4% face ao mesmo período do ano passado, tratando-se da maior queda registada nos últimos anos. Também em relação ao final de 2024, registou-se uma diminuição da atividade de arrendamento na ordem dos 4,2%. 

Portanto, os dados do INE indicam que houve menos casas arrendadas no início do ano, altura em que o mercado de compra e venda ficou mais atrativo, quer pelos juros cada vez mais baixos e ofertas de crédito habitação mais competitivas, quer pelos novos apoios aos jovens para comprar casa (isenção de IMT e garantia pública). Prova disso é que, no mesmo período, a venda de casas deu o salto anual de 25%, acelerando o aumento dos preços para 16,3%.

Embora o arrendamento habitacional tenha arrefecido no país, as rendas das casas não pararam de subir e até aceleraram o seu crescimento. “No primeiro trimestre de 2025, a renda mediana dos 23.417 novos contratos de arrendamento em Portugal atingiu 8,22 euros/m2. Este valor representa um crescimento homólogo de 10,0%, superior ao observado no trimestre anterior (9,3%)”, lê-se no boletim estatístico. Já face ao final de 2024, as rendas ficaram 2,5% mais baratas a nível nacional.

Evolução das rendas das casas e dos novos contratos de arrendamento em Portugal

Variações homólogas (%)


Período
Variação das rendas (%)
Variação dos contratos (%)
1ºT 2025
10,0%
−10,4%
4ºT 2024
9,3%
3,4%
3ºT 2024
9,8%
4,5%
2ºT 2024
11,1%
6,9%
1ºT 2024
10,7%
3,5%
4ºT 2023
11,6%
4,5%
3ºT 2023
10,2%
2,9%
2ºT 2023
11,0%
−1,2%
1ºT 2023
9,6%
2,1%
4ºT 2022
10,6%
−3,3%
3ºT 2022
7,7%
3,3%
2ºT 2022
8,6%
2,1%
1ºT 2022
6,4%
23,8%
4ºT 2021
8,3%
6,2%
3ºT 2021
7,6%
0,6%
2ºT 2021
11,5%
49,3%
1ºT 2021
5,3%
−4,1%
4ºT 2020
3,8%
18,9%
3ºT 2020
5,2%
10,2%
2ºT 2020
0,2%
4,8%
1ºT 2020
10,0%
4,2%
Fonte: INECriado com Datawrapper

A nível geográfico, a renda mediana da habitação apenas caiu na sub-região do Alentejo Central (-0,4%) no último ano. E a Região Autónoma da Madeira (25,3%) e o Alentejo Litoral (22,9%) destacaram-se por apresentarem as maiores subidas do custo das casas para arrendar. “As rendas mais elevadas registaram-se na Grande Lisboa (13,16 euros/m2), Região Autónoma da Madeira (10,44 euros/m2), Península de Setúbal (10,24 euros/m2), Algarve (9,92 euros/m2) e Área Metropolitana do Porto (9,12 euros/m2)”, refere o INE.

Quanto ao arrendamento, só a sub-região do Baixo Alentejo (13,6%) registou um acréscimo do número de novos contratos no primeiro trimestre. As restantes 25 sub-regiões registaram decréscimos anuais nos novos arrendamentos, com destaque para o Alto Tâmega e Barroso (-26,8%), o Alentejo Central (-24,2%) e Alentejo Litoral (-24,0%).

Arrendamento de casas
Funchal, ilha da MadeiraFreepik

Rendas sobem em quase todos os municípios mais populosos

Quase todos os 24 municípios com mais de 100 mil habitantes registaram uma subida anual das rendas das casas – a única exceção foi Braga (-0,9%). Os maiores aumentos do custo das casas arrendadas foram registados em Gondomar (24,4%), na Maia (18%) e no Funchal (17,1%).

E também se sentiu uma aceleraram do crescimento das rendas das casas em 17 municípios populosos, com destaque para Gondomar e Funchal. Por outro lado, houve um abrandamento da evolução deste indicador em 8 municípios, com os maiores sentidos no distrito de Braga.

Lisboa (16 euros/m2), Cascais (14,72 euros/m2) e Oeiras (13,89 euros/m2) continuam a ser os municípios mais caros para arrendar casa entre os mais populosos, enquanto Vila Nova de Famalicão é o mais acessível (5,75 euros/m2).

No que diz respeito ao dinamismo da atividade, o INE destaca que 16 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes apresentaram taxas de variação homóloga do número de novos contratos de arrendamento superiores ao valor nacional (-10,4%), destacando-se Barcelos (4,2%) e Setúbal (3,0%) com as maiores variações.

Renda das casas nos municípios com mais de 100 mil habitantes

Dados do 1º trimestre de 2025
Renda mediana dos novos contratos (euros/m2/mês)
Variação entre o 1ºT 2025 e o mesmo período do ano passado (%)
Diferença entre a variações das rendas no 1ºT 2025 e no 4ºT2024 em pontos percentuais

Table with 4 columns and 25 rows. (column headers with buttons are sortable)
Municípios Rendas (euros/m2) Variação homóloga Diferença ( em p.p.)
Gondomar 8,00 24,4%
24,4%
24,4%
17,2
17,2
17,2
Funchal 11,34 17,1%
17,1%
17,1%
13,2
13,2
13,2
Odivelas 11,94 15,9%
15,9%
15,9%
10,5
10,5
10,5
Barcelos 5,90 10,9%
10,9%
10,9%
5,8
5,8
5,8
Seixal 10,86 14,3%
14,3%
14,3%
5,6
5,6
5,6
Vila Nova de Gaia 9,91 15,2%
15,2%
15,2%
5,5
5,5
5,5
Matosinhos 10,79 6,2%
6,2%
6,2%
4,7
4,7
4,7
Loures 11,08 12,4%
12,4%
12,4%
4,0
4,0
4,0
Porto 12,94 8,5%
8,5%
8,5%
2,2
2,2
2,2
Maia 8,83 18,0%
18,0%
18,0%
2,2
2,2
2,2
Santa Maria da Feira 6,09 14,7%
14,7%
14,7%
2,1
2,1
2,1
Lisboa 16,00 5,1%
5,1%
5,1%
1,7
1,7
1,7
Setúbal 9,33 4,6%
4,6%
4,6%
1,6
1,6
1,6
Coimbra 8,67 10,9%
10,9%
10,9%
0,8
0,8
0,8
PORTUGAL 8,22 10,0%
10,0%
10,0%
0,7
0,7
0,7
Sintra 10,39 10,2%
10,2%
10,2%
0,5
0,5
0,5
Vila Franca de Xira 9,90 5,7%
5,7%
5,7%
0,3
0,3
0,3
Amadora 12,20 9,7%
9,7%
9,7%
−0,7
−0,7
−0,7
Leiria 6,70 2,4%
2,4%
2,4%
−0,8
−0,8
−0,8
Almada 11,98 5,0%
5,0%
5,0%
−1,7
−1,7
−1,7
Oeiras 13,89 4,2%
4,2%
4,2%
−2,8
−2,8
−2,8
Cascais 14,72 1,1%
1,1%
1,1%
−5,4
−5,4
−5,4
Braga 7,45 −0,9%
−0,9%
−0,9%
−8,6
−8,6
−8,6
Vila Nova de Famalicão 5,75 8,9%
8,9%
8,9%
−11,0
−11,0
−11,0
Guimarães 5,80 7,8%
7,8%
7,8%
−12,5
−12,5
−12,5


Fonte:Arrendamento de casas cai 10% no início de 2025 – mas rendas sobem — idealista/news