De fábrica de massas a escola: um “projeto único” em Alcântara Lisboan International School abriu portas nas instalações da antiga fábrica de massas "A Napolitana", após um investimento de 75 milhões. 31 out 2025 min de leitura Esta é a história de uma antiga fábrica de massas que foi transformada numa escola internacional. Localizada em Alcântara, uma zona de Lisboa que está a atrair cada vez mais empresas e promotores e investidores imobiliários, nomeadamente no segmento residencial, a Lisboan International School nasce nos icónicos edifícios da antiga fábrica de massas “A Napolitana”: instalações que foram adquiridas ao Grupo Auchan, que ali teve escritórios. “Visitei muitos projetos escolares ao longo dos anos e, para mim, este é um projeto absolutamente único”, começa por dizer ao idealista/news o islandês Gudmundur Jonsson, diretor da escola, que começou a funcionar no presente ano letivo. Vamos por partes: a Lisboan International School é a primeira escola na Europa do Artemis Education Group, originário de Doha (Catar) e com sede no Reino Unido – já tem três escolas no Catar e há duas na calha em Omã –, e que se dedica ao desenvolvimento de novos projetos escolares em todo o mundo. Saiu do papel na sequência de um investimento de 75 milhões de euros*. Mas os números e as curiosidades não se ficam por aqui: Tem uma área total de 11.500 metros quadrados (m2), com capacidade para mais de 1.200 alunos, dos três aos 18 anos; O campus inclui, por exemplo, laboratórios de ciência e tecnologia (STEM Hub), bibliotecas, salas de arte e design, estúdios de dança, yoga e música, e um teatro com 170 lugares; A escola oferecerá um currículo internacional britânico, com implementação progressiva do Bacharelato Internacional (IB) até ao Diploma Programme completo em 2027; Além das aulas, os alunos participarão no programa Lisboan Experience, que inclui atividades como robótica, fotografia, debate, serviço comunitário e desportos como remo, surf e escalada; Sustentabilidade é palavra de ordem, sendo um “abrigo” oficial e certificado para situações sísmicas. Vista aérea da Lisboan International School, em Alcântara (Lisboa)Créditos: Gonçalo Lopes | idealista/news Um islandês rendido aos encantos de Portugal Gudmundur Jonsson é o diretor da Lisboan International School. Nasceu na Islândia e antes de se mudar com a família para Portugal – em março – vivia em Belgrado (Sérvia). Sorridente, conta ao idealista/news, durante uma visita à escola, que está encantado com Lisboa. “Tem sido uma experiência incrível. Vivemos em muitos países, em várias partes do mundo, e tenho de dizer que estamos a apaixonar-nos por esta bonita cidade e pelo país. É um privilégio ter a oportunidade de ser diretor de uma nova escola em edifícios históricos como estes”. "Este lugar aqui em Alcântara é incrível. Não consigo pensar em muitos exemplos em que se pôde criar uma nova escola internacional no coração de uma das cidades mais gloriosas da Europa. Visitei muitos projetos de escolas ao longo dos anos e, para mim, este é um projeto absolutamente único" Os elogios à capital sobem de tom quando questionado sobre o porquê da escolha da cidade para receber o primeiro projeto da Artemis Education na Europa. Afirma que não é a pessoa indicada para falar sobre o tema, mas reconhece que pode especular sobre as razões que estiveram na origem do investimento por parte do Artemis Education Group: “Em primeiro lugar, a cidade é espetacular. Em segundo lugar, este lugar aqui em Alcântara é incrível. Não consigo pensar em muitos exemplos em que se pôde criar uma nova escola internacional no coração de uma das cidades mais gloriosas da Europa. Visitei muitos projetos de escolas ao longo dos anos e, para mim, este é um projeto absolutamente único. Estou contente que a Artemis Education tenha dado este passo”. Edifícios da antiga fábrica de massas "A Napolitana" foram reabilitados e foi construído um edifício de raizCréditos: Gonçalo Lopes | idealista/news “É uma história extraordinária” A história da transformação desta antiga fábrica de massas em escola internacional remonta a 2021, quando foi divulgado o projeto, que tem a assinatura do arquiteto Frederico Valsassina – as obras estiveram a cargo da San Jose Construction. “Foi uma jornada de quase cinco anos desde a ideia inicial de identificar o projeto até à fase de design, trabalhando com várias organizações e empresas que reconstruíram estes edifícios históricos. É uma história extraordinária. Estou convencido de que há um livro a ser escrito, um filme a ser feito. É uma história de aventura, de resiliência, de quase fracasso, e depois a empresa soube reerguer-se e continuar. E aqui estamos, a escola já está aberta”, desabafa Gudmundur Jonsson. "Foi uma jornada de quase cinco anos desde a ideia inicial de identificar o projeto até à fase de design, trabalhando com várias organizações e empresas que reconstruíram estes edifícios históricos. É uma história extraordinária. Estou convencido de que há um livro a ser escrito, um filme a ser feito. É uma história de aventura, de resiliência, de quase fracasso, e depois a empresa soube reerguer-se e continuar" O diretor da Lisboan International School diz não ter dúvidas, de resto, que houve “muitos desafios durante esta jornada”, até porque os edifícios que compõem a escola “são um marco histórico em Alcântara”. “Por isso tivemos de ser muito cuidadosos para garantir que preservaríamos todas as características históricas originais dos edifícios. Por exemplo, todos os pavimentos de madeira originais estão preservados”, revela. E destaca o facto de haver um edifício novo, que foi construído de raiz, onde se encontra o ginásio da escola: “Temos os edifícios originais históricos da antiga fábrica de massas ‘A Napolitana’ [a cantina, por exemplo, funciona no antigo edifício da fábrica], mas também temos o novo edifício que Frederico Valsassina projetou. Uma das coisas que mais gosto nele é que foi concebido exatamente no mesmo estilo que o edifício histórico original ao lado. Foi um ponto importante, para nós, respeitar a cultura e o património existentes, é uma parte muito importante da nossa identidade”. Obras começaram em 2021 e a escola abriu este ano letivoCréditos: Gonçalo Lopes | idealista/news Um projeto inclusivo que atrai investidores a Alcântara Mesmo ao lado da Lisboan International School, colado ao edifício que foi construído de raiz para a escola, está a nascer um hotel. Isto numa zona da capital que viu nascer recentemente, por exemplo, um espaço de coworking, o novo hospital CUF Tejo e o moderno edifício de escritórios ALLO - Alcântara Lisbon Offices. Já para não mencionar a conhecida LxFactory. E, paralelamente, são vários os projetos residenciais que estão a nascer, ou ainda no papel, na zona de Alcântara. Que impacto terá, então, a escola para o setor imobiliário? Gudmundur Jonsson destaca o papel e a importância da escola que dirige no crescimento saudável das crianças, concordando com a visão de que a instituição pode ser um fator aliciante, entre outros, na atração e fixação de pessoas e famílias a Alcântara. “Queremos que as crianças prosperem, fiquem felizes e floresçam na escola, através da aprendizagem e das amizades que cultivam. Claro que temos um grande número de famílias a viver em Alcântara, mas também há algumas que vêm de áreas mais distantes, como Cascais e a zona da Expo. Compreendemos que, para quem se está a mudar para uma cidade como Lisboa e tem filhos, escolher a escola é uma das decisões mais importantes. Portanto, sabemos que a localização da escola é realmente importante, não apenas a visão e os valores da escola, que são, a meu ver, a coisa mais importante”, sustenta. Inclusão é palavra de ordem na Lisboan International School, que tem capacidade para receber mais de 1.200 alunos, tendo atualmente ainda apenas cerca de 75. E alguns são portugueses, cerca de 20% das famílias. “Na última contagem que fizemos tínhamos mais de 20 nacionalidades representadas. Tem havido grande interesse, por exemplo, por parte de famílias dos EUA. São tempos incríveis os que estamos a viver, com muitas mudanças e desafios. E assim se dá o movimento das pessoas. Queremos garantir que somos uma parte positiva dessa mudança”. Em jeito de mensagem final, Gudmundur Jonsson valoriza o quão importante é o facto das crianças poderem aprender mais sobre outras culturas, “construindo amizades com pessoas que falam diferentes idiomas e têm diferentes perspetivas”. “A nossa esperança é que, ao aprender sobre essas diferentes culturas e perspetivas, consigam entender que, no final do dia, somos todos seres humanos e partilhamos muito mais do que aquilo que no nos divide”, remata. *Segundo o jornal espanhol elEconomista, na origem do investimento de 75 milhões de euros estará o fundo ibérico de dívida alternativa Terram Capital, numa operação que terá envolvido o fundo germano-americano RFR e os bancos BPI e Novo Banco. Assim era a antiga fábrica de massas "A Napolitana" Imagem da antiga fábrica de massas "A Napolitana" em Alcântara (Lisboa)Artemis Education Group Imagem da antiga fábrica de massas "A Napolitana" em Alcântara (Lisboa)Artemis Education Group Imagem da antiga fábrica de massas "A Napolitana" em Alcântara (Lisboa)Artemis Education Group Imagem da antiga fábrica de massas "A Napolitana" em Alcântara (Lisboa)Artemis Education Group Imagem da antiga fábrica de massas "A Napolitana" em Alcântara (Lisboa)Artemis Education GroupFonte: De fábrica de massas a escola: um “projeto único” em Alcântara — idealista/news Partilhar artigo FacebookXPinterestWhatsAppCopiar link Link copiado