O ambiente económico melhorou muito no último ano. A inflação está a dar sinais de estabilização em torno dos 2%, os juros desceram e o emprego permanece robusto. Todos estes fatores ajudaram a impulsionar a economia portuguesa, nomeadamente o setor da construção. A verdade é que a construção nova cresceu ao longo de 2024, terminando o ano com mais de 25.000 casas novas à venda, um dos maiores valores registados em quatro anos.

Houve um aumento de casas novas à venda em Portugal ao longo do ano passado: todos os meses registaram uma oferta superior a 21.000 fogos de construção nova. E em junho de 2024 foram contabilizados 25.352 novos apartamentos no mercado, o maior valor observado desde meados de 2020, revela o relatório residencial anual de 2024 elaborado pelo idealista/data

“O número de casas novas disponíveis cresceu ao longo do último ano, ultrapassando as 25.000 frações no quarto trimestre de 2024”, o segundo maior registo dos últimos anos, conclui o documento. Mas também o preço destas casas novas voltou a subir, tendo registado uma média de 3.800 euros por metro quadrado (euros/m2) nesse mesmo período. Os elevados custos da construção nova – impulsionados sobretudo pela mão de obra, que é cara e escassa no país – ajudam a explicar este crescimento dos preços.

Casas novas no mercado em Portugal

Número de apartamentos de construção nova no idealista


202120222023202405 00010 00015 00020 00025 000
Oferta novos apartamentos
Fonte: Relatório residencial anual de 2024 do idealista/data Descarregar estes dadosCriado com Datawrapper

Onde há mais construção de casas novas?

Há zonas do país que concentram mais construção nova de casas do que outras. Salta à vista que é nos grandes centros urbanos junto ao litoral onde esta atividade é mais dinâmica, talvez porque também é aqui que há maior procura de casas.

O mercado da construção nova tem sido impulsionado pela atividade nos distritos do Porto e de Lisboa, uma vez que, juntos, estes territórios representam mais de 60% dos novos projetos. Logo a seguir está o distrito de Faro, representando cerca de 15% dos novos empreendimentos residenciais.

Em destaque está o município do Porto, que concentra o maior número de novos apartamentos à venda no final de 2024 (quase 3.500 unidades). Logo a seguir está Lisboa (2.843 casas), Funchal (763) e Braga (451). Por outro lado, são os municípios do interior onde há menos casas novas à venda, como Vila Real, Guarda e Bragança, revelam ainda os dados do idealista/data.

Comprar uma casa nova em Lisboa revela-se num desafio, visto que o preço médio atingiu os 7.500 euros/m2 no último trimestre de 2024, o maior valor entre todas as grandes cidades analisadas. Isto que dizer que uma casa nova de 50 metros quadrados (m2) custará cerca de 375 mil euros e uma habitação de 100 m2 custará 750 mil euros.

preço das casas novas na capital portuguesa é bem superior face às outras cidades. Depois de Lisboa, o maior custo foi registado no Porto (3.989 euros/m2). E, além do município da Invicta, contam-se mais sete grandes cidades que registam valores das casas novas superiores a 3.000 euros/m2: Funchal, Setúbal, Aveiro, Viana do Castelo, Ponta Delgada, Faro e Coimbra. É possível comprar casas novas em Portugal por menos de 2.000 euros/m2 em apenas duas grandes cidades: Guarda e Bragança.

Casas novas em Portugal: em que cidades há mais?

Preços médios para cada capital de distrito
Número de apartamentos novos anunciados no idealista em dezembro 2024


Número de novos apartamentos
Preço (euros/m2)
Porto
3 449
3 989
Lisboa
2 843
7 500
Funchal
763
3 841
Braga
451
2 755
Faro
388
3 357
Aveiro
312
3 431
Coimbra
231
3 346
Setúbal
152
3 785
Leiria
143
2 280
Viana do Castelo
132
3 408
Viseu
89
2 238
Ponta Delgada
60
3 405
Castelo Branco
24
2 125
Santarém
11
2 070
Bragança
9
1 989
Guarda
8
1 575
Vila Real
7
2 321
Fonte: Relatório residencial anual de 2024 do idealista/data Descarregar imagemCriado com Datawrapper

Como vai evoluir a nova construção de casas nos próximos anos? 

Embora em Portugal haja uma escassez de casas prontas a habitar, a verdade é que a atividade da construção habitacional tem seguido o seu caminho. “A habitação continua a ser a força motriz da construção, representando mais de 75% dos edifícios licenciados até novembro de 2024” (um total de 15.219 prédios), destaca o relatório.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) referidos no documento indicam que foram licenciadas mais de 31.000 novas casas até novembro de 2024, um número superior ao resultado anual de 2022 e de 2021 - e com potencial para ultrapassar o fogos licenciados em 2023. “Mais de 70% de todos os fogos que entrarão no mercado nos próximos meses ou anos terão dois ou três quartos”, referem ainda.

Evolução dos fogos licenciados em Portugal

Dados de 2024 até novembro


10 00020 00030 0002021202220232024
29 312
30 247
32 522
31 433
Fonte: INECriado com Datawrapper

E é no Norte que deverão surgir mais casas novas para comprar, uma vez que só esta região acumula mais de 49% das licenças concedidas em todo o país. Logo a seguir está a região Centro (com 4.443 fogos) e a Grande Lisboa (3.908).

Todos estes dados espelham um clima mais favorável à construção de habitação ao longo de 2024, perante uma inflação mais controlada e a descida dos juros nos empréstimos. A par de tudo isto, também entrou em vigor no início do ano o simplex dos licenciamentos urbanísticos, que acabou por acelerar as licenças de casas, sobretudo, em meados do ano passado. Agora, o mercado aguarda pela reformulação deste diploma, que deverá estar pronto nas próximas semanas, tal como avançou o Governo recentemente. 

Também se aguardam os efeitos da nova lei dos solos no mercado residencial português, que passa a permitir construir casas acessíveis em terrenos rústicos, um processo que tem de passar pelo crivo dos municípios. Mas uma das medidas mais reclamadas pela fileira da construção e imobiliário é mesmo a redução do IVA na construção de casas dos atuais 23% para 6%, que se encontra ainda em stand by, com o Executivo da AD (de minoria parlamentar) a reconhecer a sua importância e a insistir na sua implementação.

Fonte: Construção nova: oferta de casas à venda está em máximos — idealista/news